Conheça aqui algumas estratégias de como ensinar educação financeira para crianças de forma prática e acessível
A educação financeira, tanto em casa quanto na escola, é essencial para que as crianças cresçam com uma visão clara sobre como lidar com o dinheiro.
Você sabia que, embora a educação financeira tenha se tornado obrigatória no ensino fundamental e médio em 2017, ela ainda é tratada de forma superficial, geralmente limitada às aulas de matemática?
Segundo uma pesquisa da Serasa, 85% dos pais ensinam seus filhos sobre finanças, e 66% admitem já ter atrasado o pagamento de contas.
Ao longo deste texto, vamos explorar formas simples de ensinar os pequenos a administrar suas finanças de maneira responsável, por meio de atividades do dia a dia, jogos e outros métodos acessíveis para todas as famílias.
A importância da educação financeira para crianças
A educação financeira para crianças ajuda a construir uma base sólida para que elas possam fazer escolhas mais conscientes no futuro.
Ensinar sobre dinheiro desde cedo promove hábitos responsáveis com dinheiro e auxilia no desenvolvimento de habilidades essenciais, como a capacidade de planejar, poupar e tomar decisões financeiras sensatas.
No mundo atual, onde o consumo desenfreado é incentivado de várias formas, compreender o valor do dinheiro e saber administrá-lo pode evitar que crianças, quando adultas, se tornem financeiramente despreparadas.
No entanto, é importante respeitar a faixa etária das crianças ao introduzir conceitos financeiros.
Crianças mais novas podem começar aprendendo sobre o valor das coisas e a importância de economizar, por exemplo, usando cofrinhos ou separando parte de uma mesada.
Já crianças mais velhas podem aprender sobre planejamento, como guardar dinheiro para algo que desejam ou entender o básico de como funcionam contas bancárias.
Quanto mais cedo elas tiverem contato com o tema, mais natural será a relação com o dinheiro ao longo da vida.
Veja a seguir 7 dicas para introduzir a educação financeira no dia a dia de seus filhos:
1. Envolva as crianças nas compras
Uma maneira simples e eficaz de ensinar educação financeira para as crianças é envolvê-las nas atividades cotidianas, como as idas ao supermercado.
Esse momento pode ser uma verdadeira aula sobre dinheiro e como fazer boas escolhas. Ao levar as crianças para fazer compras, você pode mostrar diferentes produtos, destacando como eles variam em preço, qualidade e quantidade.
Por exemplo, ao escolher entre dois pacotes de biscoitos, você pode mostrar as diferenças de preço entre uma marca famosa e uma marca mais acessível.
Pergunte à criança o que ela acha que vale mais a pena: comprar o pacote maior e pagar um pouco mais ou escolher o menor e economizar?
Isso abre espaço para conversas sobre o que é mais vantajoso de acordo com a necessidade do momento.
Além disso, você pode mostrar como fazer contas simples, como calcular o preço por unidade ou por quilo, ajudando a desenvolver habilidades matemáticas junto com noções financeiras.
2. Ensinar práticas de economia com pequena “mesada”
Dar uma pequena mesada para as crianças pode ser uma excelente maneira de introduzir conceitos básicos de educação financeira, e o valor não precisa ser alto.
O mais importante é o aprendizado que a criança terá ao entender como funciona o processo de ganhar, poupar e gastar.
Por exemplo, se você der R$ 5,00 por semana, isso já será o suficiente para que a criança comece a pensar em como usar esse valor: gastar tudo de uma vez ou economizar por algumas semanas para comprar algo maior?
O foco aqui não é o valor em si, mas sim a oportunidade de aprender sobre planejamento e prioridades.
Para famílias que enfrentam dificuldades financeiras, a mesada pode ser adaptada de acordo com a realidade.
Uma ideia é criar uma "mesada" baseada em pontos ou recompensas. Por exemplo, cada tarefa feita em casa pode gerar pontos que depois podem ser trocados por algo que a criança queira ou por uma pequena quantia em dinheiro.
3. Brincar com jogos educativos
Os jogos educativos são uma maneira divertida e eficaz de ensinar finanças para os pequenos, tornando o aprendizado leve e acessível.
Brincar com jogos que simulam o uso do dinheiro, o ato de comprar e vender, ou até mesmo a gestão de recursos, ajuda a criança a entender conceitos financeiros sem perceber que está aprendendo.
Uma atividade simples é criar um "mercadinho" em casa. Você pode usar itens do dia a dia, como brinquedos ou objetos pequenos, e simular um ambiente de compras e vendas.
A criança pode assumir o papel de cliente ou vendedor, aprendendo a calcular o troco e a fazer escolhas com base no dinheiro disponível. Essa brincadeira ensina noções de orçamento, além de melhorar o raciocínio lógico e a matemática de forma prática.
Outro exemplo é a tradicional caça ao tesouro. Nessa atividade, você pode usar "moedas" fictícias escondidas pela casa, incentivando a criança a buscar essas moedas para “comprar” recompensas simbólicas no final da brincadeira.
Jogos de tabuleiro, como o Banco Imobiliário, também são ótimos para ensinar sobre finanças de maneira lúdica.
Nesse jogo, as crianças aprendem sobre investimentos, compra e venda de propriedades, além de entender os riscos de tomar decisões financeiras precipitadas. Ele permite simular um ambiente de negócios e traz lições sobre economia que podem ser aplicadas na vida real.
4. Estimular o uso de cofrinho
Outra forma simples e acessível de começar a educar financeiramente as crianças é usando um cofrinho.
Essa prática permite que elas aprendam a poupar, administrar pequenas quantias e visualizar seu progresso ao longo do tempo.
Com o cofrinho, o conceito de economia se torna mais concreto e visível, ajudando a criança a desenvolver disciplina, segurança e metas financeiras desde cedo.
Aqui está um passo a passo de como usar essa ferramenta para educar financeiramente:
- Escolha um cofrinho atrativo: Encontre um cofrinho que chame a atenção da criança, como um de formato divertido ou colorido, para estimular o uso.
- Explique o objetivo: Converse sobre o propósito de poupar, como guardar dinheiro para um brinquedo ou passeio especial.
- Defina metas: Ajude a criança a estabelecer metas simples, como juntar moedas até atingir um valor específico, ensinando sobre planejamento.
- Incentive pequenas economias: Sugira que a criança guarde parte do dinheiro que recebe, seja de mesada ou presentes, mostrando a importância de reservar uma quantia.
- Acompanhe o progresso: Periodicamente, ajude a contar as moedas para que a criança veja o crescimento do dinheiro, reforçando o valor do esforço e paciência.
- Recompense o esforço: Quando atingir a meta, permita que a criança utilize o dinheiro para o objetivo planejado, demonstrando a recompensa por economizar.
5. Incentive o reaproveitamento e a troca de brinquedos e roupas
Outra maneira de ensinar educação financeira, especialmente para famílias com recursos limitados, é incentivar o reaproveitamento de brinquedos, roupas e outros itens.
Ao mostrar às crianças que nem tudo precisa ser comprado novo, você ensina sobre o valor das coisas e a importância de cuidar bem dos objetos.
Além disso, a ideia de troca pode ser aplicada para que elas experimentem o conceito de "negociar" e dar novos usos a itens que estão abandonados no armário.
Por exemplo, em vez de comprar brinquedos novos com frequência, você pode organizar trocas de brinquedos entre amigos e vizinhos.
A criança escolhe um brinquedo que já não usa tanto e, em troca, recebe algo diferente.
Essa prática não só promove a ideia de economia circular, mas também ensina sobre consumo consciente, sustentabilidade e a importância de compartilhar.
6. Incentivar a doação
Ensinar a importância da doação é tão essencial quanto educar sobre economizar.
Um exemplo é criar a regra de que, para cada novo brinquedo que entra em casa, a criança escolhe um brinquedo antigo para doar. Isso ajuda a desenvolver desapego, senso de responsabilidade e o entendimento de que nem todos os bens materiais precisam ser acumulados.
Esse gesto também reforça a ideia de que é possível ajudar a melhorar a vida de outras pessoas com pequenos atos.
7. Contar histórias
Ler histórias também é uma ótima maneira de ensinar finanças de forma leve e divertida.
Livros como "O Pé de Meia Mágico" de Álvaro Modernell ensinam as crianças sobre a importância de poupar, comparando as atitudes de dois irmãos.
Outra excelente opção é "Como se Fosse Dinheiro" de Ruth Rocha, que aborda o valor das moedas com o humor de uma situação inusitada.
Já "Dinheiro Compra Tudo?" de Cássia D'Aquino é uma escolha interativa que mistura curiosidades, piadas e lições financeiras.
Incorporar essas leituras que educam financeiramente na rotina ajuda as crianças a entenderem o valor do dinheiro e a importância de decisões conscientes.
Essas histórias, com seus personagens e dilemas, proporcionam reflexões que podem ser aplicadas no dia a dia, formando hábitos financeiros mais saudáveis para o futuro.
Conclusão
É importante lembrar que, no final das contas, o que faz a diferença é colocar esses ensinamentos em prática no dia a dia.
Seja conversando sobre o preço de um produto no supermercado, dando uma pequena mesada ou brincando com jogos e contando histórias para ensinar, cada uma dessas ações ajuda a criança a construir uma relação mais saudável com o dinheiro.
Com o tempo, essas lições ajudam a formar adultos mais conscientes e preparados para lidar com as finanças de forma responsável.
O segredo está na repetição e no exemplo, garantindo que seus filhos cresçam com uma base sólida para tomar boas decisões no futuro e evitem desorganização e ansiedade financeira.